sábado, 26 de maio de 2012

Carinho: quando menos se espera


A qualquer hora, em qualquer lugar


Chovia muito. Muito mesmo! Algumas pessoas se refugiavam na marquise de entrada de um museu, um prédio antigo, imponente, na área central daquela cidade litorânea paulista.
A maioria resolveu enfrentar a chuvarada, que demorava muito a passar, mas ficou ali um casal. Ambos na casa dos 30 anos, de conjuntos de moletom bem quentinhos e tênis. Os dois ali, olhando a chuva com cara de paisagem, quando ele se virou e deu um senhor abraço na esposa. Um abraço que me fez parar o que eu fazia e olhar com mais atenção, embora discretamente.
O abraço terno, com respeito, cheio de cumplicidade, contrastava com a sobriedade do prédio e da rua em frente, calejados pelo tempo, embora bem preservados. A chuva, o dia cinza, o prédio de aparência severa... E aquele abraço ali no meio, simples, carinhoso e – tenho tudo para crer – verdadeiro.
Era como nas grandes cidades, em que, perdida no meio de tanto concreto, teima em nascer uma simples plantinha em alguma fresta. Clichê dos clichês e por menor que seja, chama a atenção de longe e encanta, como só a natureza é capaz de fazer. Aquele abraço do casal floresceu em pleno dia cinzento e frio.
O homem, carinhosamente, tirou o capuz da jaqueta da moça, beijou-a na testa, recebendo um sorriso como agradecimento. Recolocou o capuz nela e, abraçados ainda, resolveram enfrentar a chuva, já mais fina. Continuaram a andar pela rua de paralelepípedos com muito, muito carinho.
E eu ainda ali, olhando. Voltei aos meus afazeres, agradecendo a Deus pela chance que me deu de presenciar aquilo.

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