domingo, 20 de julho de 2014

(Con)juntos

Muito se teoriza sobre o amor, e talvez ainda centenas de milhares de pessoas filosofem sobre a causa, mas o amor não é algo que possa ser definido. Óbvio. Ninguém sente da mesma forma, partindo disso, ninguém consegue generalizar. Ninguém consegue padronizar. Inserir num gráfico. Num cálculo matemático. Mas a gente sempre pode tentar.
Antes de falar em amor, é preciso voltar ao passado. Ao nascimento de cada um de nós. Nossas experiências e repertórios. Aquele conjunto de vivências que vão se somando a nossa essência, e como num castelo de cartas nos faz crescer, evoluir.
Todos somos marcados e cercados por primeiras vezes. A primeira queda, o primeiro dente arrancado, o primeiro amor, a primeira paixão, a primeira relação sexual, a primeira decepção, o primeiro amor platônico, o primeiro fora, a primeira declaração.
Todas as primeiras vezes são importantes e aposto que ao ler, sua mente foi tentando se recordar de cada uma dessas vezes. Se é que não lembra automaticamente de todas. Por isso, elas podem ser decisivas para as segundas, terceiras e Deus sabe lá quantas mais teremos.
Na verdade, todas as experiências que tivermos, serão importantes para nossa formação como ser humano. As negativas, principalmente. Elas deixam marcas, nos limitam, nos dão medo, às vezes coragem, para conseguir amadurecer e saber como agir em outras determinadas circunstâncias.
Do ponto de vista biológico, uma vacina traz em sua composição parte do mal causador. Ou seja, até o soro, precisa do veneno. Ninguém vai conseguir ser plenamente feliz, se é que alguém consiga alcançar tal estagio de evolução, sem ter dias ruins. Sem dormir chorando de ver em quando, ou, sem ter, sei lá, decepções.
Todas as relações que você tiver, desde envolvimentos sentimentais carnais e ardentes, até trocas de respeito e cumplicidade, como simples e singelas amizades, servirão de bagagem para novas relações, ou para as próprias.
Cada pessoa que entra na sua vida possui um conjunto, numa visão matemática das relações. Um repertório de vivências e experiências. E todas, sem dúvidas, todas, serão diferentes das tuas. Porque até mesmo aquelas que você partilhou, foram percebidas e sentidas, de formas diferentes. Ninguém vê ou sente o mundo da mesma forma. Somos todos seres humanos únicos, ainda que gêmeos fisicamente, em alguns casos.
Seguindo uma linha de raciocínio, nossos encontros são formados por intersecções. Quando um conjunto se une ao outro, dando aquela área que a gente aprendeu no começo da escola, como “comum”. Quando a minha bagagem se une a tua, e dividimos os pesos de ambas.
Depois de colocarmos claras as coisas, depois de entendermos que cada um possui uma criação diferente, passou por etapas diferentes de formação, e sendo assim, é sentimentalmente diferente, podemos entender um pouco mais de todas as relações (conjuntos) que estamos contidos.
É loucura imaginar que alguém possa te amar menos. É viagem da sua cabeça imaginar que você ame mais alguém. Amar não é como porcentagem. Ninguém te ama 10%, outro 30, 80, 100. Ou ama, ou não ama. Ou gosta, ou desgosta. Não existe gostar um pouquinho, ou um caminhão cheio.
O que existe, na verdade, são formas diferentes de sentir e demonstrar sentimentos. Alguns necessitam mostrar em outdoors e declarações exageradas. Outros preferem um vinho e uma massa. Vão existir aqueles que mesmo com um dedo apontado na cara e um grito de EU TE AMO!, não vão conseguir enxergar. Somos sentimentalmente diferentes. Possuímos maturidades sentimentais divergentes.
Então, antes de julgar o que se passa na sua cabeça, ou das pessoas, pare e pense que nem tudo é o que parece. Nem tudo é falta de amor ou traição. Antes de dividir o presente com alguém, todos nós já tivemos passados. E isso não significa somente ex-namorados. Significa relações desenvolvidas antes. Uma vida. E tantas outras que serão constituídas durante e depois.
Por fim, amor é o dia a dia. Amar é a forma como você passa as horas. Amor é ouvir uma música e lembrar de alguém. Mas aprenda também, que só lembrar não basta. Perdemos as pessoas por falta de palavras. Não adianta só sentir, isso só não basta. É preciso, muitas vezes, dizer que sente, ou pelo menos, demonstrar do seu jeito. Se fazer ser entendido.
Amar sozinho, a gente ama o espelho. Se escolhemos alguém com quem queremos dividir momentos, sejam positivos ou negativos, devemos usar os gestos, as palavras, as artimanhas e qualquer outras ferramentas, que diga, assim, mesmo que nas entrelinhas: Ei, psiu, eu te amo. Eu gosto de você.
Temos muito pouco tempo, às vezes, pra dizer tudo que queremos. Todos os momentos são raros, só pelo simples motivo que você já sabe: eles não voltam.

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