terça-feira, 9 de outubro de 2012

Ele e ela

ELE anda cansado das baladas e dos casos furtivos sem sentimentos. Aprendeu a gostar da própria companhia, sem precisar estar em uma turma de amigos todos os sábados. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que traga um sabor doce às suas manhãs, que seja a melhor companhia para olhar a lua. Que ele possa exibir os seus dons na cozinha e o seu conhecimento em vinhos, só para ela.
Quer uma mulher que ele reconheça pelo cheiro dos cabelos, pelo toque dos dedos, pela gargalhada que vai ecoar pela casa transformando um domingo sem graça, no melhor dia da semana. Quer viver uma paixão tranquila e turbulenta de desejos… quer ter para quem voltar depois de estar com os amigos, sem precisar ficar “caçando” companhias vazias e encontros efêmeros. Quer deitar no tapete da sala e ficar observando enquanto ela, de short jeans, camiseta e um rabo de cavalo, lê um livro no sofá, quer deitar na cama desejando que ela saia do banho com uma lingerie de tirar o fôlego.
Quer brincar de guerra de travesseiros, até que o perdedor vá até a cozinha pegar água. Quer o poder que nenhum dos seus super heróis da infância tiveram… o poder de amar sem medo, sem perigo e sem ir embora no dia seguinte.
Quer provar que pode fazer essa mulher feliz!

ELA quase deixou de acreditar que seria possível ter vontade de se envolver novamente. Foram tantas dores, finais, recomeços e frustrações que pensou em seguir sozinha para não mais se machucar. Então percebeu que a vida de solteira já não está fazendo tanto sentido. Decidiu que quer um amor verdadeiro… que pode nem ser eterno, mas que possa acordá-la com um abraço que fará o seu dia feliz, quer um homem que ela possa cuidar e amar sem receios de que está sendo enganada. Quer a alegria dos finais de semana juntinhos, as expectativas dos planos construídos, o grito de “gol” estremecendo tudo quando o time dele estiver ganhando… a cumplicidade em dividir os segredos.
Quer observá-lo sem camisa, lendo o jornal na varanda… quer reclamar da bagunça no banheiro, rindo e gritando quando ele revidar puxando-a para o chuveiro, completamente vestida.
Quer a certeza de abrir a porta de casa e saber que mesmo ele não estando, chegará a qualquer momento trazendo o brigadeiro da doceria que ela gosta tanto. Quer beijar, cheirar, morder, beliscar e apertar para ter certeza que a felicidade está ali mesmo… materializada nele.
Quer provar que pode fazer esse homem feliz!

ELES estão por aí… sonhando um com o outro… talvez ainda nem se conheçam… mas é só uma questão de tempo, até o destino unir essas vidas que se complementam e estão ávidas para amar e fazer o outro feliz.
Ou alguém duvida que o universo traz aquilo que desejamos?

sábado, 6 de outubro de 2012

Os livros

“Eu poderia ter o mesmo pai, a mesma mãe, ter frequentado o mesmo colégio e tido os mesmos professores, e seria uma pessoa completamente diferente do que sou se não tivesse lido o que eu li. Foram os livros que me deram consciência da amplitude dos sentimentos. Foram os livros que me justificaram como ser humano. Foram os livros que destruíram um a um meus preconceitos. Foram os livros que me deram vontade de viajar. Foram os livros que me tornaram mais tolerante com as diferenças.”

(Martha Medeiros)

As 4 Leis da Espiritualidade ensinadas na Índia

-A primeira diz: “A pessoa que vem é a pessoa certa“.
Ninguém entra em nossas vidas por acaso. Todas as pessoas ao nosso redor, interagindo com a gente, têm algo para nos fazer aprender e avançar em cada situação.

- A segunda lei diz: “Aconteceu a única coisa que poderia ter acontecido“.
Nada, absolutamente nada do que acontece em nossas vidas poderia ter sido de outra forma. Mesmo o menor detalhe. Não há nenhum “se eu tivesse feito tal coisa…” ou “aconteceu que um outro…”. Não. O que aconteceu foi tudo o que poderia ter acontecido, e foi para aprendermos a lição e seguirmos em frente. Todas e cada uma das situações que acontecem em nossas vidas são perfeitas.

-A terceira diz: “Toda vez que você iniciar é o momento certo“.
Tudo começa na hora certa, nem antes nem depois. Quando estamos prontos para iniciar algo novo em nossas vidas, é que as coisas acontecem.

-E a quarta e última afirma: “Quando algo termina, ele termina“.
Simplesmente assim. Se algo acabou em nossas vidas é para a nossa evolução. Por isso, é melhor sair, ir em frente e se enriquecer com a experiência. 

Não é por acaso que estamos lendo este texto agora. Se ele vem à nossa vida hoje, é porque estamos preparados para entender que nenhum floco de neve cai no lugar errado.

E assim vou vivendo...

Julguei e fui julgada muitas vezes, mas o perdão e o bom senso despertaram em mim.
Fui rebelde com as pessoas que me amam, e hoje peço perdão. 

Me sinto fraca em algumas coisas, mas tento ser forte e superá-las. 
Tenho vários problemas, mas faço deles uma aprendizagem diária. 
Busco a essência das pessoas e não a aparência física ou material. 
Sou boa com as pessoas que gosto e admiro, mas ignoro aquelas que não me agradam. 
Às vezes pareço ser arrogante e fria, mas as pessoas que me conhecem sabem que isso não é verdade.
Já busquei a perfeição, mas descobri que ela não existe. 
E assim vou vivendo FELIZ!
Não tenho coração de ouro, mas também não tenho coração de pedra.
Não digo SIM quando na verdade quero dizer NÃO.
Nem digo NÃO quando na verdade quero dizer SIM.
Não me obrigo a ser gentil pelas aparências nem dócil pelas exigências.
Sou rigorosa com as pessoas e comigo mesma.
Porém sei compreender, perdoar e pedir perdão.
Meus olhos só choram quando meus sentimentos são verdadeiros e puros.

Não há hipocrisias, acredito que não tenho jeito para isso, e a pior provocação é a ARROGÂNCIA.
As maiores virtudes são: a honestidade, humildade e a gratidão.
''E eu ainda acrescentaria a maior delas para mim, a FÉ!"

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sentimentos

Toda a dor poderia ser física
Todo amor poderia ser química
E toda paixão uma mera rima

Todo medo deve ser enfrentado
Até mesmo o medo ao medo
O medo é um sentimento
E todo sentimento é da alma
Então não pode ser física
Muito menos química!

Toda vergonha deve ser escancarada
Não há do que se ter vergonha
A vergonha não existe
É apenas hipocrisia
É apenas
O nada

Toda morte deveria ser única
Eu morri
Quem já morreu sabe qual é a sensação
Você já a conhece?
Ainda não!?
Pensei que os vivos não falassem com mortos!
Mais te digo uma coisa
Morrer será a coisa mais fácil que você fará na sua vida!
Toda angústia é humana
Depois que você morrer, não será mais humano
Não há do que se angustiar
Você agora é apenas um ser!

Sobre a morte não ao que temer
Do humano você só leva lembranças e sentimentos
E o que fará você mais feliz
É o amor
Ele não é químico
Tão pouco físico
Então ele é da alma
A alma gêmea não existe
Se houvesse seria incesto!

O amor não é uma dor
Camões estava era enganado
Exatamente enganado
Porque o amor só é uma dor quando está incompleto
Quando ele se completa, de fato
Torna-se esplêndido, e imutável

O amor-dor é o amor não aceito
Este sim
E uma imensa dor
Esse é o amor saudade
A saudade corroi
A saudade esgana o homem
Apenas o homem, o humano pode ser esganado

A falsidade é a não descoberta do amor
E quando somos bonzinhos
Apenas por ser
Não existe compaixão
Compaixão é uma desculpa inventada pelos humanos para dizer que fazem caridade
Ah...
Esta sim existe
A caridade
A caridade é o maior ato de amor
Sabe por quê?
Porque a caridade se faz ao próximo
E não costumamos nos esforçar muito ao próximo
Por nos sim, faremos grandes atos de amor!
Mais ao próximo?
Quem é o próximo?
Mais é a ele que um ato de amor tem seu maior valor
Principalmente quando é um próximo bem depois do nosso próximo
Um desconhecido

Ai sim
Recebemos uma enorme recompensa
A retomada dos sentimentos
Porque assim
Tem uma coisa que é física e acontece igual ao não físico
Acontece igual ao sentimento
Que não é nem físico
Nem químico
E a lei de ação e reação

Se mandarmos amor ao próximo
Muito amor teremos de retorno
Se mandarmos falsidade
Garanto que ele não terá culpa se também for falso

O homem é um ser físico
E também químico
Que reúne além dos aspectos da carne
Os aspectos da alma
Que tem muito mais valor
E ele desconhece
Ah... se ele soubesse
Ah... se ele soubesse como usar a alma
O mundo talvez fosse bem melhor
Seria bem mais amor
Menos física
Menos química
Mais caridade
Mais felicidade

Porque essa também provem do amor
A felicidade
Essa já é uma conjunção ainda maior
E quando temos primeiramente o amor
O amor próprio
E quando esse amor é tão grande que não tem espaço para a falsidade
É também quando praticamos a caridade
E por praticar a caridade temos a resposta da tal lei de ação e reação
Aquela lei que é da química
Da física
E também da alma

E essa é a felicidade
E quando não tem espaço para a falsidade
E quando se tem muita caridade
E quando se tem um pouquinho de física e química
E quando se tem muito amor

Então esse é o tal segredo
E primeiramente amar-mo-nos
Para assim praticarmos a caridade
E extinguirmos a falsidade
E assim alcançarmos a felicidade

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ler deveria ser proibido.

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary.
O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram.
Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens.
Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlim-pim-pim, a máquina do tempo.
Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova. Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos. A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.


Ler deveria ser proibido (texto original)
Por Guiomar de Grammont (*)