sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Quando o livro te lê


Já se sentiu sendo lido por um livro? 
Em algum momento quando estava lendo já sentiu que aquele livro conversava com você? Parecia que te entendia melhor que qualquer outra pessoa, que sabia dos seus sentimentos mais íntimos que muitas vezes teve medo de expressar em voz alta.
Aquela cena, aquela frase, aquela palavra, que parecia resumir tudo o que você sentia, o que você passou. A identificação é instantânea e logo criamos com ele uma relação intima de amor e confiabilidade. Não é mais apenas um livro, é algo que te entende, que te ajudou, te leu, te refletiu, e emprestou suas paginas como ombros para você chorar, se emocionar e confessar silenciosamente segredos que só você sabe e ele sabe agora. São cúmplices.
Então você imagina, sonha, voa em palavras como em tapetes mágicos, e nem precisa fechar os olhos.... 
Personagens se tornam pessoas reais, você vê tudo de perto, os cria, seus rostos, personalidades, tem vontade de entrar, fazer a mocinha parar de brigar com o seu amor, tem vontade de encorajá-los a dizer o que pensam e se beijarem logo. Gritar a plenos pulmões para outro que ele está sendo enganado e que na verdade aquele que ele acha que é seu amigo é na verdade o assassino.
Quantas vezes não chorou quando mataram seus personagens preferidos? Quando as coisas não aconteceram do jeito que você queria? Que brigou com o autor e dizendo “não acredito que você fez isso”? Ou que pensou “quero um amor como esse para mim”, “ter uma amiga como essa personagem seria perfeito”. Você diz que está lendo o livro, você faz esse ato de ler, mas é ele quem está te lendo, que está te despertando todos esses sentimentos e o fazendo desejar a ponto de seus aspectos se tornarem reais em sua vida.
Isso é ler, aprender, é viver.
Nós leitores,( porque me identifico muito com tudo isso ) somos as pessoas mais felizes do mundo! Vivemos mil vidas, conhecemos muitas pessoas, e até mesmo anjos, fadas e dragões! Estudamos em Hogwarts, fomos para o acampamento meio sangue, vimos alguém se apaixonar por um vampiro. Sim, um vampiro! Presenciamos a coragem em jogos que literalmente você entrava para morrer e o inicio de uma rebelião. Caçamos demônios presenciamos anjos caídos serem verdadeiros guarda-costas. Choramos quando o último filme acabou no cinema e as luzes se acenderam, quando a última página foi virada.
Fala sério, e ainda tem gente que diz que ler é perda de tempo, a esses, nossos suspiros de lamentação.
Ler é viver uma vida completa, e conseguir passar isso as pessoas é saber dar o devido valor a leitura.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Medos

Quando eu penso que tudo está devidamente encaixotado e muito bem guardado tenho uma surpresa. Não, aquelas coisas todas que tentei organizar, esconder e colocar embaixo do tapete ressurgem. Mais firmes, mais fortes, tentando mostrar que não irão embora assim tão rápido. Bom mesmo seria se os nossos problemas e medos escuros fossem embora ao primeiro pedido. Medo, por favor, me deixa. Medo, por gentileza, sai à francesa. Medo, por obséquio, está na sua hora. Vem que te ajudo a arrumar as malas. Mas ele não arreda o pé. Insiste em ficar. E uma hora as forças te abandonam, uma hora elas chegam ao seu ouvido e dizem "não dá mais". E você se vê meio perdido, exausto de tanta luta, tentando encontrar um lugar onde consiga respirar aliviado. Mas o alívio não chega, a paz não chega, a tranquilidade não chega. E você pensa em desistir de tudo, já que está fraco, sem esperança, sem vontade de seguir adiante nessa batalha que é dura, dolorida e pesada demais. Só que alguma coisa dentro de você grita alto. Essa coisa é a tal força. Ela diz que você não pode se entregar, que é necessário segurar as pontas, aguentar mais um pouco e que sempre há uma alternativa. E te alerta: por que ao invés de obrigar o medo a ir embora você não o acolhe? Por que não pega o medo no colo, faz carinho, dá beijos e abraços? Por que ao invés de lutar contra ele você não o convida para um cafezinho com biscoitos de sequilho? E você repensa tudo, resolve dar uma chance para o medo. Resolve se dar uma nova chance.