sábado, 28 de junho de 2014

Você sabe amar?

Você sabe amar?
Eu estou aprendendo.... Estou aprendendo a aceitar as pessoas, mesmo quando elas me desapontam, quando fogem do ideal que tenho para elas, quando me ferem com palavras ásperas ou ações impensadas.
É difícil aceitar as pessoas assim como elas são, não como eu desejo que elas sejam.
É difícil, muito difícil, mas estou aprendendo. Estou aprendendo a amar.
Estou aprendendo a escutar, escutar com os olhos e ouvidos, escutar com a alma e com todos os sentidos. Escutar o que diz o coração, o que dizem os ombros caídos, os olhos, as mãos irrequietas. Escutar a mensagem que se esconde por entre as palavras corriqueiras, superficiais; Descobrir a angústia disfarçada, a insegurança mascarada, a solidão encoberta. Penetrar o sorriso fingido, a alegria simulada, a vangloria exagerada. Descobrir a dor de cada coração.
Aos poucos, estou aprendendo a amar. Estou aprendendo a perdoar.
Pois o amor perdoa, lança fora as mágoas, e apaga as cicatrizes que a incompreensão e insensibilidade gravaram no coração ferido. O amor não alimenta mágoas com pensamentos dolorosos. Não cultiva ofensas com lástimas e autocomiseração.
O amor perdoa, esquece, extingue todos os traços de dor no coração.
Passo a passo, estou aprendendo a perdoar, a amar.
Estou aprendendo a descobrir o valor que se encontra dentro de cada vida, de todas as vidas. Valor soterrado pela rejeição, pela falta de compreensão, carinho e aceitação, pelas experiências duras vividas ao longo dos anos.
Estou aprendendo a ver, nas pessoas a sua alma e as possibilidades que Deus lhes deu. Estou aprendendo. Mas como é lenta a aprendizagem!
Como, é difícil amar, amar como Cristo amou!
Todavia, tropeçando, errando, estou aprendendo... Aprendendo a pôr de lado as minhas próprias dores, meus interesses, minha ambição, meu orgulho quando estes impedem o bem-estar e a felicidade de alguém!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Felicidade

"Procuramos instintivamente, todos os dias, do nascer ao pôr do sol, por aquilo que nem sabemos direito o que é. Nos ensinam em casa, na escola, nas aulas de educação física, química, nas aulas da vida, que devemos viver em busca da felicidade, mesmo sem saber direito que rosto ela tem, por que nome atende, se fica depois do arco-íris ou se mora embaixo da cama junto com o bicho-papão.
Enfiam nas nossas goelas abaixo, por todas vinte e quatro eternas horas dos dias, desejos e sonhos de consumo, amores perfeitos, vidas como contos de fada e músicas para enganar o estômago. Sempre jeitos novos de dizer a mesma coisa: busque a felicidade.
Talvez fosse muito mais fácil viver com o texto todo ensaiado, sabendo direitinho o que dizer, onde estar, com quem, como, quando e por que. Uma vida roteirizada, uma trama bem feita, bem escrita, com uma trilha sonora incrível. Sabendo que choraríamos quando fosse preciso emoção, e sorriríamos escancaradamente quando as dores passassem. Uma vida novela das oito, que começa as nove, e dura Deus sabe lá quanto tempo.
Se a vida fosse programada, já nasceríamos sabendo quem amar, se viveríamos sempre na mesma cidade, se teríamos filhos, se nosso primeiro beijo seria aos 15, 16, 17, 35, ou até mais cedo. Saberíamos também que o primeiro amor partiria nosso coração em mil pedaços, e os demais transformariam ele até o final das nossas vidas numa partícula ainda menor que o átomo.
Desconfio que a melhor parte da vida de uma pessoa, são as surpresas que aparecem no caminho. Um olhar, um gesto, um sorriso novo. Coisas pequenas que atravessam os nossos destinos todos os dias, para dizer que nossa vida pode seguir por um caminho diferente. Alguma coisa que mostre que ir em frente é uma obrigação pessoal e intransferível.
Suponho quase que intimamente, que todas as dificuldades que a vida nos impõe são só provas de resistência, testes e ensinamentos para que possamos lidar bem com a gente mesmo e com tudo de melhor que ela nos preparou.
Nesse processo de transformação diária, a maior luta que podemos travar é pra tentar assimilar as imposições do destino e, de alguma forma, manter a alma pura, limpa, ou algo que se aproxime muito da nossa essência. Coisa que volta e meia pensamos em deixar de lado para conseguir (sobre)viver.
Então, meu amigo, confesso que tenho tentado nos dias que se seguem, fazer de tudo para me tornar melhor e mais feliz do que sou, mesmo sem saber direito o que isso significa. Tenho entendido que procuro instintivamente, todos os dias, do nascer ao pôr do sol, por aquilo que nem sei direito o que é, mas que com certeza irei encontrar.
Ai de mim se não fossem as minhas insatisfações e nós na garganta. Ai de mim se não existissem noites mal dormidas, angústias e sonhos. Uma vida hermeticamente perfeita não me traria os desafios que preciso para evoluir, para crescer. Para me tornar o que eu sempre sonhei em ser.
Quanto à felicidade, essa que não me ensinaram a buscar e me tornaram por missão encontrar, avisa que posso demorar um pouco, mas vou chegar. Pede já pra esperar com a mesa posta e algo pra beber. Estou indo com fome e sede ao pote. Quero me fartar de tudo que ela possa me oferecer. Você, se estiver disposto a longas jornadas, pode até me acompanhar. Se não, a gente se vê quando eu chegar. "
 (Matheus Rocha)